MARINA DE LA RIVA





Marina de la Riva A cantora carioca Marina de la Riva só foi conhecer Cuba quando gravou, lá, parte de seu disco homônimo de estreia, lançado em 2007. Mas, como ela mesma diz, “eu nunca cheguei a Cuba pela primeira vez”. Marina, filha e neta de exilados cubanos que vieram para o Brasil em 1964, resgatou-se a si mesma três anos atrás, quando concebeu um CD de apresentação entremeando
sambas, marchinhas e baiões brasileiros com habaneras, congas e afoxés cubanos. Agora, o DVD Marina de la Riva ao Vivo em São Paulo soma imagem e movimento ao conjunto e completa o gesto de autoconhecimento.
O novo trabalho reproduz as fusões do primeiro CD, e as amplifica. Além do repertório original, resgata Aos Pés da Santa Cruz (de Marino Pinto e Zé da Zilda), já gravado em samba por Orlando Silva e por Roberto Silva, em bolero por Angela Maria, em bossa nova por João Gilberto, em samba-pop-jazz por Wilson Simonal. Acrescenta Pedacito de Cielo, do cantor, compositor e pianista cubano Frank Dominguez. Namora o chão das cantigas de roda em Se Esta Rua Fosse Minha. Revisita o carnaval nordestino de Bloco do Prazer (de Moraes Moreira e Fausto Nilo), lançado em 1981 por Gal Costa (e por Nara Leão). Revela o cubano José Antonio Castilho, da inédita Este Mal de Amor, que descobriu em uma de suas viagens a Havana. Incorpora o pop-rock de Lulu Santos, em Adivinha o Quê? É que promover a convivência harmoniosa entre tantos diferentes continua a ser mote e razão de ser para a artista Marina.
O sonho de unidade pan-americana é, para ela, menos ideológico que cromossômico. Cuba vivia dentro da menina desde que nasceu, por intermédio do pai e do avô paterno – e, ainda em Cuba, o pai ouvia Convite para Ouvir Maysa (1956), da brasileira Maysa Matarazzo. Mineira de Araguari, sua mãe é tataraneta de índios bororós. Em segundo matrimônio, a avó materna casou-se com um pernambucano do sertão. Marina cresceu numa fazenda em Baixa Grande de Leopoldina, no município de Campos dos Goytacazes (RJ), próxima à bacia petrolífera de Campos (“um pouco mais, e é África”, dizia sua mãe) – nas áreas de charco da propriedade do avô agricultor, trabalhou como criadora de búfalos quando era adolescente. Era pela música, no entanto, que queria exalar o perfume de seus pensamentos – como explica no making of do DVD, cujas imagens começaram a ser captadas em Cuba, ainda durante a gravação do CD de estreia. Gravado no Teatro Bradesco, em São Paulo, em setembro de 2009, o DVD tem direção do jovem Décio Matos Jr. (de Fabricando Tom Zé e da produtora Delicatessen), direção de fotografia de Victor Amatti e direção de arte do argentino Juanito Jaureguiberry. A produção musical é da própria Marina, que lança o DVD e o CD ao vivo por seu selo Mousike, sob distribuição da Universal Music.
Diversificada, a família musical por ela reunida agrupa baianos, paulistas, pernambucanos, nipônicos, cubanos. Estão no palco Daniel Oliva (violão, guitarra e direção musical), Fábio Sá (baixo acústico), Jorge Cerruto (trompete), Pedro Bandeira (percussão cubana), Ricardo Valverde (percussão brasileira), Felipe Maia (piano, sanfona) e o maestro cubano Fabian Garcia (baixo acústico). Entre as participações especiais, aparecem a bateria de Pupillo (do grupo pernambucano Nação Zumbi), em Bloco do Prazer, e as guitarras de Andreas Kisser (do grupo metal pesado Sepultura), em Adeus, Maria Fulô, e de Paulo Flecha, em Pensamiento. Paulo, de 13 anos, é filho de Marina.
Esta tem sido a importância crucial de seu trabalho ainda jovem para nossa música: expor as semelhanças, bem mais que as diferenças, entre os variadíssimos genes ciganos que compõem Marina de la Riva e os seus. Ela quer unidade, e não dissonância, quando aglutina jazz e samba, tango e pop, o Bola de Nieve de Drume Negrita (de Ernesto Grenet) e a Carmen Miranda de Ta-Hi (Pra Você Gostar de Mim) (de Joubert de Carvalho). Remexendo em seus próprios e íntimos baús, traz à tona uma evidência simples que muitos aqui no Brasil teimam em escamotear (e nesse sentido se torna, por que não?, ideológica): conheçamos Cuba ou não, e sejamos latino-americanos em espanhol ou em português, somos todos índios. E irmãos.
Nove Letras Assessoria de Comunicação
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